A alegria típica dos anfitriões porto-riquenhos marca, a cada dia, o início dos trabalhos no 6º Congresso Americano Missionário. Desde segunda-feira, até o próximo domingo (24), o encontro reúne cerca de 1.200 missionários de todo o continente americano e reflete o tema “Evangelizadores com o Espírito até os confins da terra” e o lema “América, na força do Espírito, testemunhas de Cristo”.
O método para anunciar o Reino é sempre o encontro
“Se eu não vou ao encontro das pessoas e, ainda assim, quero anunciar o Evangelho de Deus, então estou vivendo uma grande mentira”, pontuou, durante a primeira conferência do 3º dia de encontros, o Secretário do Pontifício Conselho para a América Latina, Rodrigo Guerra Lopez.
Na exposição, com o tema “O Reino de Deus como horizonte da missão: caminho para a transformação social em um contexto de desigualdades”, Rodrigo destacou que, em meio a uma realidade difícil, com pessoas em sofrimento, precisamos, como missionários, nos colocar em meio ao povo e reconhecer no seu sofrimento a presença dolorosa, mas real, de Cristo Ressuscitado.
Destacando a importância da participação dos leigos e leigas na Igreja e a relevância do Sínodo da Sinodalidade, ele acredita que o mais importante foi a publicação do documento final imediatamente, assim como está. “Apesar de muitas críticas e de talvez poucas revisões e reconstruções, a publicação naquele momento foi uma mensagem claríssima do Papa Francisco para que confiemos mais na obra do Espírito Santo”, disse.
Rodrigo seguiu sua exposição questionando. “Quão radical temos que ser nesse assunto de anunciar o reino, confiando que o Espírito Santo não nos vai falhar? Que Ele não saiu de férias agora? Com que radicalidade temos que afirmar que o Espírito Santo está presente em absolutamente todos, inclusive naqueles que não pensam como nós. E não porque o que digam está ou não correto, mas porque no meio da dor e da diferença o Espírito Santo se manifesta! Até onde podemos chegar?”, provocou.
Para concluir, o Secretário do Pontifício Conselho para a América Latina alertou que a Igreja não é uma aristocracia eclesial, mas uma grande família, construída onde todos são convidados, não importa quão longe estejam. A partir da Fratelli Tutti, finalizou: “A igreja é uma casa com as portas abertas, porque é mãe. E como mãe, queremos ser uma Igreja que serve, que sai de casa, de seus templos, de sua sacristia, para acompanhar a vida e sustentar a esperança”.
A segunda conferência do dia foi do padre boliviano Roberto Tomichá Charupá, professor da Universidade Católica Boliviana, em Cochabamba. Durante sua exposição, falou sobre os desafios para testemunhar Cristo em um contexto de diferenças, ressaltando, especialmente, que é preciso promover reciprocidades relacionais a partir da escuta atenta das pluralidades de cada vida.
Transformar realidades e optar pelos pobres é nossa missão
Dom Luiz Fernando Lisboa, Bispo Diocesano de Cachoeiro de Itapemirim e membro da Comissão para a Ação Missionária da CNBB, participa pela terceira vez de um Congresso Americano Missionário e sente que a reflexão deste terceiro dia é fundamental para pensar a missão, desde a América até os confins da terra.
Dedicada à iluminação bíblica, missionária e teológica das realidades de todo o continente, a quinta-feira provocou dom Luiz a olhar às diversas realidades americanas. “Há um abismo entre ricos e pobres e, como Jesus, a Igreja tem que renovar sua opção preferencial pelos pobres, como nos pediu a II Conferência do CELAM, em Medellin (Colômbia), iluminada pelo que disse São Paulo VI, na abertura da referida Conferência (1968): Os pobres são o verdadeiro sacramento de Jesus Cristo”, declarou o bispo.
Outra participante que integra a delegação brasileira – com 62 missionários e missionárias – é Zoraia Amaral Cardoso, da Diocese de Itabuna, na Bahia. Participando pela primeira vez de um CAM, ela também comenta suas impressões deste terceiro dia.
Para ela, foi uma excelente reflexão, recordando que “o objetivo da missão é o anúncio e a instauração do Reino, que não é algo remoto, mas já presente e entre nós e um caminho para a transformação social de um contexto de desigualdades”. Ela conclui alertando, a partir das reflexões do dia: “Os pobres e sofredores são o verdadeiro Sacramento de Jesus Cristo e nosso Deus é um Deus trinitário, em perfeita comunhão”.
Zoraia Amaral Cardoso, da Bahia, participa pela primeira vez de um CAM
Os trabalhos da tarde seguiram em grupos, como ontem e amanhã, a partir de três eixos: Experiências e projetos ad gentes; Discussão do Instrumento Laboris; e Testemunhos missionários ad gentes.
Victória Holzbach – Porto Rico
AQUI----------
0 Comentários